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Como retrata George Orwell, em 1984, “ver o que está diante do próprio nariz exige um esforço constante” — reflexão que evidencia a tendência humana de ignorar problemas que se tornam parte do cotidiano. Nesse sentido, as operações policiais nas favelas brasileiras e suas consequências revelam-se como um desafio que limita o exercício da cidadania e reforça desigualdades históricas. Essa realidade decorre, sobretudo, da ausência de políticas públicas eficazes de segurança e urbanização e da naturalização da violência contra corpos periféricos, reflexo de um processo histórico de marginalização social. Diante desse cenário, é imprescindível refletir sobre as origens dessa problemática e discutir medidas que promovam a segurança pública cidadã e o respeito à dignidade humana no país. (Muito bem. Formulou a tese)

Em primeira instância, a atuação do Estado nas favelas tem se mostrado marcada por uma lógica de controle e repressão, em vez de promoção de cidadania. O sociólogo Loïc Wacquant, ao analisar as relações entre pobreza e punição, afirma que o Estado neoliberal tende a substituir o amparo social pelo encarceramento e pela coerção. Essa dinâmica é visível no contexto brasileiro, em que operações policiais resultam frequentemente em mortes de civis, inclusive de crianças, e em violações de direitos humanos, especialmente nas periferias urbanas. Ao priorizar o uso da força em detrimento de políticas sociais, o poder público reforça o estigma de que a pobreza é sinônimo de criminalidade. Assim, a segurança pública, que deveria garantir a vida, acaba por reproduzir o medo e a exclusão, agravando a distância entre o Estado e as comunidades.

(Boa estratégia coesiva) Além dos fatores estruturais, há uma dimensão simbólica e cultural que intensifica esse problema: a indiferença social diante da violência cotidiana nas favelas. O filósofo Achille Mbembe, em sua teoria da necropolítica, argumenta que o poder se manifesta também na decisão sobre quem pode viver e quem pode morrer — lógica evidente quando certas vidas são tratadas como descartáveis. No Brasil, essa visão é reforçada por uma mídia sensacionalista, que frequentemente retrata operações policiais como “batalhas contra o crime”, sem considerar o sofrimento dos moradores. Esse discurso legitima a violência estatal e torna invisíveis as vítimas, perpetuando a ideia de que o sangue periférico tem menor valor. Dessa forma, a falta de empatia coletiva e o racismo estrutural contribuem para a manutenção de uma sociedade que naturaliza o extermínio em nome da segurança.

(Boa estratégia coesiva) Diante do exposto, é essencial romper o ciclo de violência e indiferença que marca as operações policiais nas favelas brasileiras. Para isso, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos, deve implantar um programa nacional de segurança cidadã, com foco em formação ética e psicológica de agentes, monitoramento das ações policiais e incentivo a políticas de urbanização e educação comunitária, a fim de reduzir o uso letal da força e fortalecer o vínculo entre Estado e população. Ademais, os meios de comunicação, em colaboração com organizações civis, devem promover campanhas que valorizem a vida e humanizem as narrativas sobre as favelas, estimulando o respeito e a empatia. Assim, será possível reconstruir a relação entre segurança e humanidade, garantindo que o direito à vida não dependa do CEP em que se nasce. (Apresentou todos os elementos da proposta)