Enem dos Concursos e Enem dos Professores: provas do governo inspiradas pelo Exame Nacional do Ensino Médio

A PND e o CNU buscam ser uma forma de democratizar, facilitar e unificar o ingresso no serviço público, assim como o Enem é utilizado para ingresso em universidades públicas de todo país.

Em 25/07/2025 12h45 , atualizado em 25/07/2025 12h47

Por Jade Vieira
Pessoa escrevendo. Texto: título do artigo
O CNU e a PND são para preenchimento de vagas no serviço público.
Crédito da Imagem: Shutterstock
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Enem, Enem dos Concursos (CNU) e Enem dos Professores (PND) os exames aplicados pelo Governo Federal que pretendem ampliar e democratizar o acesso da população a políticas públicas. Há 16 anos o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) passou a ser utilizado como forma de ingresso em universidades públicas de todo país.

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Em 2023, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) lançou o Concurso Público Nacional Unificado (CPNU ou CNU), a ideia do concurso é ser uma via para preenchimento das inúmeras vagas no serviço público. Em 2025, é aplicada a segunda edição do CNU, com duas fases, diferente da primeira edição que teve apenas uma.

A Prova Nacional do Docente (PND) terá sua primeira realização em 2025, também pelo Inep, mesmo órgão do Ministério da Educação (MEC) que é responsável pelo Enem. A prova, que será um processo unificado para o ingresso de professores na rede pública de ensino, é uma das iniciativas do programa Mais Professores para o Brasil, lançado em janeiro deste ano.

A ideia com o CNU e a PND é unificar a seleção de servidores públicos, ambos exames surgiram de uma demanda nacional para preenchimento de vagas no serviço público. Segundo o secretário de gestão de pessoas do MGI, José Celso Cardoso, a ideia do CNU foi desenvolvida após órgão públicos terem a dificuldade em desenvolver processos seletivos próprios.

Já a PND pretende ser uma porta de entrada para formandos na rede pública de ensino, segundo Manuel Palacios, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A ideia é realizar uma prova anual em novembro, para que em janeiro esses docentes já estejam inseridos no sistema público de ensino.

Leia também: Enem e os desafios do governo para incentivar a participação de estudantes no exame

imagem de divulagação do Enem
O Enem é utilizado como forma de ingresso em universidades desde 2009.
Crédito: Divulgação/MEC

Enem como forma ingresso em universidades

Criado em 1998, o Enem surgiu com a proposta de avaliar a educação brasileira após o fim da escolaridade básica (ensino médio). Em 2009, o então mistro da educação, Fernando Hadad, anunciou a nova matriz de habilidades para o Enem, que passou a apresentar a estrutura atual, com habilidades e competências específicas do exame.

Foi no ano seguinte, 2010, que o Sistema de Seleção Unificada (SiSU) passou a ofertar vagas de ingresso em universidades em todas regiões do país. Essa nova estrutura revolucionou não só o modelo da prova, bem como a forma de ingresso em universidades em todo país.

Além do ingresso em universidades públicas, o Enem também proporciona meios de ingresso em universidades privadas. O Programa Universidade para Todos (ProUni) oferta bolsas de estudos integrais e parciais, e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) possibilita financiar a graduação.

Em 2025, o Governo Federal realizou uma campanha de incentivo às inscrições do Enem, a estratégia foi utilizar uma figura conhecida do grande público que tenha transformado sua vida por meio do exame. O escolhido foi Gil do Vigor, ex participante do programa Big Brother Brasil, que é economista e influenciador digital, formado por uma universidade pública através da nota do Enem.

Veja também: Enem completa 16 anos como seleção nacional para universidades públicas

imagem de divulagação do CNU
O CNU passa a ser realizado em duas fase.
Crédito: Divulgação/MGI

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A proposta inovadora do CNU

Desenhado como uma solução para as diversas vagas disponíveis no serviço público, o CNU pode ser uma reconstrução do Governo Federal ao oferecer políticas públicas maiores e com melhores condições para a população. Além disso, o concurso ainda pretende auxiliar órgão federais na seleção de servidores.

O concurso divide as vagas de acordo com sua área de atuação, montando blocos que unem cargos com similaridade nos atributos básicos exigidos para a realização do serviço. A partir do conhecimento específico necessário para cada área que possibilitou a montagem e desenvolvimento da prova.

Em sua primeira edição, realizada em 2024, o CNU ofereceu mais de 6.600 vagas, esse número, no entanto caiu para a segunda realização, que será ofertada 3.652 vagas. Apesar disso, o concurso segue com a proposta de democratizar o acesso ao serviço público, a partir da aplicação da prova em 228 locais, em todo país.

Na edição de 2025 são apresentadas novidades para a seleção, o concurso passa a ser feito em duas fases. A primeira será aplicada em 05 de outubro, para todos candidatos e candidatas inscritos e tem cara eliminatório. Na segunda fase somente poderão realizar a prova candidatos que foram habilitados na 1ª fase e convocados para a segunda.

A PND pode ser feita por profissionais e concluíntes de licenciaturas.
Crédito: Divulgação/MEC

A PND como um incentivo às licenciaturas

O principal objetivo da PND é o incentivo às licenciaturas. A prova é feita com a matriz curricular do Enade das Licenciaturas e tem o intuito de ser utilizada como via única ou parte de seleção de professores para a rede pública de ensino. Além disso, pretende estimular a permanência de estudantes em cursos de licenciatura.

A proposta de uma prova anual, aplicada no final do ano, se assemelha ao que é realizado com o Enem. Mantendo a ideia do exame escolar, os candidatos selecionados podem ser incluídos nas redes públicas de ensino já no início do ano seguinte. Apesar disso, a prova pode ou não ser uma via única de seleção de professores, a depender da escolha das redes.

A PND se apresenta como um meio facilitador para a seleção de professores, avaliando competências e habilidades gerais e específicas da formação de um docente. A partir disso, cabe às redes públicas de ensino avaliar a melhor forma de utilizar o exame. Uma prova prática ou de título é apresentada como sugestão de complemento da avaliação dos profissionais.

Apesar da possibilidade de existir outros critérios de avaliação, a PND busca unificar a seleção de professores para todo Brasil. Uma vez que concursos públicos para professores são ofertados em média 7,5 anos para a rede municipal e 5 anos para a rede estadual, a prova anual busca substituir essa longa frequência por uma seleção anual. Dessa forma, concluintes de cursos de licenciatura bem como profissionais terão mais oportunidades nas redes públicas de ensino.

Veja também: Pé-de-Meia das Licenciaturas e os desafios para a valorização da carreira de professor no Brasil